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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Quem sabe o que é ter e perder alguém / sente a dor que eu senti...

Na semana passada eu e Lore falávamos sobre saudade... Saudade dos nossos filhos... A saudade de tudo o que "não aconteceu"... De todos os planos que não se concretizaram.... O enxoval que não foi feito... O quartinho que não foi montado...
Lore me falou de músicas que a fazem lembrar o Samuel... E eu me lembrei dessa, dos LOS HERMANOS, que eu cantava sempre baixinho no chuveiro logo depois que não senti mais o Arthur dentro da minha barriga. Acredito que essa canção retrate muito do que sentimos... Às vezes mais, às vezes menos: mas sentimos todos os dias... Nós e todas as mães que perderam seus bebês, por diferentes motivos...
Uma semana de paz e força para todas nós!


QUEM SABE (Rodrigo Amarante)

Quem sabe o que é ter e perder alguém
Quem sabe o que é ter e perder alguém
Quem sabe o que é ter e perder alguém
Sente a dor que senti

Quem sabe o que é ver quem se quer partir
E não ter pra onde ir
Faz tanta falta o teu amor, te esperar...
Não sei viver sem te ter
Não dá mais pra ser assim

Quem sabe o que é ter sem querer pra si
Não quer ver outro em mim
Não fala do que eu deveria ser
Pra ser alguém mais feliz
Faz tanta falta o teu amor e te esperar...
Não sei viver sem te ter
Não dá mais pra ser assim...

Na semana passada o vocalista Bruno, do Biquini Cavadão "perdeu" seu filho Gabriel de 2 anos e 10 meses num trágico acidente de helicóptero. Mais uma vidinha interrompida tão brevemente... Ele escreveu um poema bem bacana e eu "colei" de um blog aqui para compartilhar com vocês... Nós sentimos um pouco, de maneira diferente, todo esse "susto" e essa dor da perda...

PARTIDA
"A morte de um filho
é uma gravidez às avessas
volta pra dentro da gente
para uma gestação eterna
aninha-se aos poucos
buscando um espaço
por isso dói o corpo
por isso, o cansaço
E como numa gestação ao contrário
a dor do parto é a da partida
de volta ao corpo pra acolhida
reviravolta na sua vida
E já começa te chutando, tirando o sono
mexendo os órgãos, lembrando o dono
que está presente, te bagunçando o pensamento
te vazando de lágrimas e disparando o coração,
A morte de um filho é essa gravidez ao contrário
mas com o tempo, vai desinchando
até se transformar numa semente de amor
e que nunca mais sairá de dentro de ti".

quinta-feira, 23 de junho de 2011

...sonhos que podemos ter...

 

"Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção

E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter..."

Por tudo que deveria ter sido e não foi...

O "São João" do Samuel...
O primeiro aninho do Victor Gabriel...
O "reinado" do Arthur...
A chegada do Michael para formar o trio com Sophia e Lucas... 
E do Danilo, para se juntar ao irmãozinho Diego...

É por tudo isso e muito mais que... 
"Somos quem podemos ser / Sonhos que podemos ter..."

Por hoje é "só"... 
Que tenhamos ainda mais força e fé 
para sonhar mais e mais a cada dia...
"Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, 
pois o dia de amanhã terá suas preocupações!
Para cada dia, bastam seus próprios problemas”. (Mateus 6:34)

 

sábado, 18 de junho de 2011

A história de VIDA de DAVI

Bom, hoje vou relatar uma história (coincidência ou providência) que aconteceu comigo nos últimos dias... Como alguns já sabem (e, se não sabem, saberão agora...rs), em um dos meus empregos (gente, professor sempre tem que ter mais de um, é assim mesmo...rs) eu trabalho como professora de Atendimento Educacional Especializado, na modalidade Sala de Recursos Multifuncional, com alunos portadores de necessidades especiais. AMO o que eu faço, mas preciso sempre me “virar nos 30”, porque recebo alunos com diferentes deficiências. Síndrome de Down, Transtorno Global do Desenvolvimento (Autismo, Asperger), Deficiência Intelectual, Transtorno de Déficit de Atenção, Hiperatividade/Impulsividade, Deficiência Física (cadeirantes e não-cadeirantes), Baixa Visão, Múltiplas Deficiências, Deficiência Auditiva, entre outras: faço das tripas coração para que eles se desenvolvam, dentro de suas possibilidades, necessidades e especificidades e “vibro” com cada avanço, mesmo que imperceptível para as pessoas. Eu os conheço bastante para saber que, muitas vezes, conseguir desenhar uma bolinha torta e dizer que aquilo ali é um “O” é uma vitória. A escola em que trabalho pertence à rede municipal do Rio de Janeiro e atende uma clientela, em sua maioria, carente (de muitas coisas, se é que vocês me entendem...).

Alguns dos meus alunos (a foto está com "efeito", já que são crianças e devem ter a imagem "preservada")

Há mais ou menos uns 15 dias, uma professora precisava preencher um relatório solicitado pelo Fernandes Figueira (um hospital aqui do Rio), para encaminhar ao médico, que suspeitava que o menino (DAVI – 08 anos), possuía Déficit de Atenção. O aluno é novo em nossa escola, estudando “conosco” desde fevereiro. Ressalto que Davi ainda não é atendido por mim, porque não possui laudo “de nada”. O relatório em questão apresentava pontuações e termos mais “técnicos” e eu o preenchi para a professora, já que tenho mais experiência com isso: levei Davi para minha sala e permaneci com ele por uma hora e meia, mais ou menos.
Apresentei letras móveis, brincamos de jogo da memória, jogo da velha, contei história para ele, apresentei material dourado, bingo de letras/palavras, blocos lógicos, blocos de construção e tudo mais que podia. Percebi realmente que Davi apresenta um quadro de dificuldades de aprendizagem que precisa ser investigado... Graças a Deus tenho formação em Psicopedagogia e consegui perceber que haviam outras questões envolvidas que, de certa forma, deixavam Davi com aparência apática, triste, olhinhos caídos e “perdidos”, muito quieto e introspectivo. Após todas essas brincadeiras, consegui enfim “arrancar” um suave sorriso de Davi: era o que faltava para eu me sentir “segura” e tentar “penetrar” naquele mundinho... Vou reproduzir abaixo, brevemente, o diálogo que tivemos:
Carol: - Davi, você tem irmãos?
Davi: - Nós somos quatro lá em casa. Na verdade, somos dois, por enquanto. Eu, minha irmã Kathlen, o neném que está na barriga da minha mãe que é um menino e o Samuel, meu irmão que morreu e foi para o Céu, porque ele não tinha cérebro. Tomara que esse meu irmão que está na barriga tenha cérebro, tia!...
Ninguém na escola sabia disso... Meu Deus! E logo EU tinha que “descobrir”? Engoli a seco, sorri para ele e disse:
Carol: - Que nome lindo tem seu irmão que foi para o Céu! Você sabia, Davi, que o nome SAMUEL significa “CHAMADO PELO SENHOR”? E vou te dizer outra coisa... Você sabia que eu também “devolvi” meu filho Arthur para o Papai do Céu em janeiro deste ano? Ele também não tinha “uma coisa”: na verdade ele não tinha “duas coisas”, os rins. E, quem não tem os rins, não faz xixi e aí também não sobrevive.
Davi: - Mas tia... Como isso aconteceu? Você é bonita e tem “dinheiro”!
Gente, professor não tem “dinheiro” sobrando...rsrsrs! Mas, comparando com o que ele vivencia em casa, para ele, eu sou “rica”: tenho carro, ando sempre “arrumadinha”, enfim... São os “abismos” sociais que vemos todos os dias... Expliquei para Davi:
Carol: - Davi, em nossa vida, os propósitos de Deus não escolhem cor, nem família, nem dinheiro, nem nada... Tudo acontece quando ELE quer e nós precisamos aceitar tudo com amor e paz no coração.
Mas ainda havia alguma coisa por trás disso...
Carol: - Davi, seu irmãozinho foi enterrado? (sabia que aí estava o XIS da questão...)
Davi: - Sim, e todo mundo foi ao enterro dele. Meu irmão Samuel estava com uma touquinha na cabeça para tapar, umas flores, umas velas perto dele... O caixão era pequenininho e branco. Quando o “moço” jogou o caixão dele na terra todo mundo chorou, tia. E eu... Eu sonho com isso todas as noites e tenho medo...
Abracei o Davi e disse para ele que, todas as vezes que ele ficasse pensando nisso e se assustasse, ficasse com medo, que era para ele conversar com Papai do Céu e pedir a Ele que Samuel esteja num lugar bem bonito, feliz e esperando o dia em que toda a família estará junta! E, ainda disse que eu achava que SAMUEL tinha virado um ANJO para ajudar Deus lá no Céu...
Percebi que Davi deu um suspiro de alívio... Eu fiquei meio “mexida” com tudo. Mas, passou... A professora me agradeceu e disse que eu, em uma hora e meia, consegui escrever no relatório tudo o que ele exatamente é (ou aparenta ser)! Narrei para ela superficialmente o que aconteceu na vida de Davi e apontei no relatório a necessidade de uma avaliação para possível psicoterapia.
De vez em quando eu e Davi nos “esbarramos” pelo corredor e ele sempre me oferece um sorriso tímido. No entanto, na última quinta-feira, dia 16/06, ao me ver passar pelo corredor, Davi segurou em meu casaco, me puxou e falou bem assim no meu ouvido...
- Tia, tá tudo bem com meu irmão: ele tem cérebro!
Carol: - Que bom, Davi! Fico muito feliz por isso! E o Samuel, lá no Céu, também está muito feliz!
Enchi meus olhos d’água (quem me conhece sabe que isso é difícil, porque sou muito durona), literalmente “corri” para a minha sala e só me imaginei deitada, fazendo ultra-sonografia e escutando a médica falando para mim:
- Carol, fique tranquila: seu bebê tem os dois rins... Está tudo normal, saudável e perfeito!
Fica aqui mais uma história de esperança da VIDA de DAVI! E, agora, um pouquinho “minha” também... Deus continue abençoando nossas famílias e nossos filhos-anjos!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Flávia, Marcos, Diego... E, estrelando no Céu... DANILO!!

Internei dia 30/05 às 8:00 de segunda-feira, acreditando que ficaria no hospital por 1 semana segundo o que me disse o médico, estava com o coração apertado por deixar o meu Diego chorando na escola, mas Deus foi maravilhoso mais uma vez e às 3 horas da manhã de segunda mesmo o Danilo resolveu sair de meu ventre, foi um trabalho de parto muito sofrido, uma dor que jamais pensei que alguém pudesse suportar, sabia que seria difícil, mas não imaginei que seria tanto, o bebê pequenino e morto não ajuda no trabalho de parto e o parto induzido é muito sofrido, mas graças a Deus foi rápido.
Danilo saiu, lindo, somente ele, sem placenta, sem líquido, sem sangue, arrumei o seu corpinho pois queria vê-lo, o enfermeiro não queria que eu o visse, mas ele era maravilhoso, pequenino cabia na palma de minha mão, ao arrumar a sua cabeça fiz um sorriso em seu rosto sem querer, era perfeitinho, saquinho, pipi, mancha roxa no bumbum, como a maioria dos bebês tem, olhos, boca, nariz, Mãos com os dedos compridos, tinha até sombrancelha, cabelo não, mas a cabeça e as orelhas, tudo perfeitinho, Ah que vontade de levá-lo pra casa! Em uma mãozinha havia 6 dedos e em um dos pés também e no outro pezinho também tinha uma má formação, mas eu não me importei com nada, ele era lindo, meu coração se encheu de alegria ao vê-lo, fiquei por muito tempo com ele ali pois o médico havia entrado em uma cirurgia naquele momento e o cordão umbilical nos unia e somente o médico poderia cortá-lo, fui para a sala de parto e ficamos ali sozinhos por alguns minutos esperando o médico chegar e fiquei ali admirando o meu bebê, tão frágil e senti uma imenso amor por aquele serzinho que sabia que não era mais meu e que não estava mais ali.
Quando o médico entrou disse que ele deveria ter mexido no Danilo primeiro, mas eu sou a mãe tenho todos os direitos desse mundo, e ele disse essas mães são todas birutas!!!
Cortou o cordão e colocou o meu Danilo em um vidro de palmito, ai que dor, queria tanto levá-lo pra casa daquele jeito mesmo, uma loucura, mas queria!
Meu coração se encheu de alegria por ter isto o meu pequeno, a imagem dele vai ficar na minha memória pra sempre, que bebê lindo!
O cheiro era o mesmo de quando o médico coloca o bebê perto da gente pra gente ver, nunca vou me esquecer do cheiro!
A imensa dor que senti das contrações saiu com o Danilo.
Pra ajudar depois o meu leite empedrou, caramba, falei pra Deus assim: Oh não cansou ainda? Chega de tanto sofrimento ainda vai empedrar o meu leite? Cara, que luta! É as minhas conversas com Deus agora estão bem diferentes, de mano pra mano mesmo! rsrsrsrs
Este primeiro semestre de minha vida foi uma novela se eu contar as pessoas acham que estou mentindo, roubo do carro com o Marcos e o Diego juntos, depois bati o carro na semana seguinte e depois esta gravidez tão triste.
Aprendi o que é sofrer num intensivão de 6 meses. E agora bem fortalecida e pedindo para Deus me deixar sã, retomo minha vida com alegria, cheia de trabalho e crianças na minha escola que amo tanto!
 Flávia Amorim



"...basta acreditar / Sou teu anjo aqui..."
(Anjos de Resgate)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Tenha fé / Vá na fé / Nunca perca a fé em DEUS...

Fé em Deus

Diogo Nogueira

Composição : Flavinho Silva
 
A luta está difícil, mas não posso desistir
Depois da tempestade, flores voltam a surgir
Mas quando a tempestade demora a passar
A vida até parece fora do lugar
Não perca a fé em Deus, fé em Deus
Que tudo irá se acertar

Pois o sol de um novo dia vai brilhar
E essa luz vai refletir na nossa estrada
Clareando de uma vez a caminhada
Que nos levará direto ao apogeu
Tenha fé, nunca perca a fé em Deus

Pra quem acha que a vida não tem esperança
Fé em Deus
Pra quem estende a mão e ajuda a criança
Fé em Deus
Pra quem acha que o mundo acabou
Pra quem não encontrou um amor
Tenha fé, vá na fé
Nunca perca a fé em Deus

Pra quem sempre sofreu e hoje em dia é feliz
Fé em Deus
Pra quem não alcançou tudo que sempre quis
Fé em Deus
Pra quem ama, respeita e crê
E pra aquele que paga pra ver
Tenha fé, vá na fé
Nunca perca a fé em Deus

Aquilo que não mata só nos faz fortalecer
Vivendo aprendi que é só fazer por merecer
Que passo a passo um dia a gente chega lá
Pois não existe mal que não possa acabar
Não perca a fé em Deus, fé em Deus
Que tudo irá se acertar

Pois o sol de um novo dia vai brilhar
E essa luz vai refletir na nossa estrada
Clareando de uma vez a caminhada
Que nos levará direto ao apogeu
Tenha fé, nunca perca a fé em Deus

Pra quem acha que a vida não tem esperança
Fé em Deus
Pra quem estende a mão e ajuda a criança
Fé em Deus
Pra quem acha que o mundo acabou
Pra quem não encontrou um amor
Tenha fé, vá na fé,
Nunca perca a fé em Deus

Pra quem sempre sofreu e hoje em dia é feliz
Fé em Deus
Pra quem não alcançou tudo que sempre quis
Fé em Deus
Pra quem ama, respeita e crê
E pra aquele que paga pra ver
Tenha fé, vá na fé, nunca perca a fé em Deus
 
(Para minha mãe NELISE, a vovó do Arthur (o anjo que o Senhor nos enviou) que gosta muito dessa música e esteve comigo em momentos muito difíceis, mostrando que é preciso ter sempre... FÉ EM DEUS! Mãe, te amo!)
 
Uma prova de que Deus esteja conosco não é o fato de que não venhamos a cair, 
mas que nos levantemos depois de cada queda.
(Santa Teresa de Ávila)
 
O amor é a asa veloz que Deus deu à alma para que ela voe até o céu...
(Michelangelo)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Lorena, Francisco e... Samuel: "chamado pelo Senhor"!

 
Também sou mãe de um anjo...
Meu nome é Lorena, o meu marido se chama Francisco e
 temos 27 anos.




Quando descobri que estava grávida, em julho de 2010, com apenas cinco meses de casada, foi um mundo de felicidade e realizações. Passar óleo na barriga, ouvir músicas clássicas, separar o repertório para a festa de um ano, passar horas lendo livros de como ser boa mãe... Fiz tudo o que uma grávida sonha fazer.
A ultra da translucencia foi uma loucura: com minha mãe e meu marido nos acabamos de rir com o nosso espoleta.
Com 18 semanas eu estava na sala de espera da ultra-sonografia, falando com minha mãe. Ela estava pronta para comprar o enxoval: “Quando sair me diga se é menino ou menina”.
Não lembro de muitas coisas, mas lembro da sala escura e da médica dizendo: “Ele não tem líquido nenhum, coitadinho!”
Eu tremia tanto! Chorava tanto! “Como assim, Dra? O que isso significa? Ele vai viver? Tem como colocar água? O que tenho que fazer? Eu vou enlouquecer! Dessa vez eu enlouqueço!” Meu marido estava chorando atrás de mim. Apertamos as nossas mãos.
Poderia ser a bolsa rompida. Por isso passei quase um mês deitada, bebendo água, comendo sem sal, levantando quase nada, orando como um monge e lendo sobre partos prematuros. Se meu bebê atingisse 800g, e estivesse com todos os órgãos, poderíamos antecipar o parto.
Foram três internamentos, muita dor física (tenho miomas) e emocional e muitas, muitíssimas ultras.
Com 21 semanas eu só queria ouvir o coraçãozinho dele batendo, mas, após uns 30min de exame, foi-me dito que ele não tinha nenhum dos dois rins. Não havia mais esperança e de nada adiantaria a água e o repouso. Ou ele morreria na minha barriga, ou logo após o parto.
Com 36 semanas, no dia 21/02/10, fui à GO marcar o parto. Quando fui examinada ela disse: “Vai nascer hoje! Você está em trabalho de parto”. Eu já estava sentindo dor a gestação toda, por isso nem me preocupei com aquelas dores que me dilataram em 4cm.
Saí da clínica direto para o hospital. Eu estava em pânico! Minha família toda enlouquecida! A expectativa era em saber como ele seria. Tinha medo de ele ser muito diferente dos bebês normais. Tinha medo de ficar impressionada e uma imagem triste tomar o lugar do amor que sentiria pelo meu anjo.
Por conta dos miomas o parto seria uma cesárea.
 Poderia descrever com detalhes cada segundo: entrar no centro cirúrgico, me segurando pra não chorar, e minha mãe, chorando, se segurando pra não morrer... Foi muita angústia!
Não pude ser sedada no parto porque havia comido um pedaço de bolo de carimã no consultório da GO. A recepcionista me viu reclamando de fome e me ofereceu, gentilmente, o pedaço de bolo que me permitiu estar acordada e participar de tudo do meu parto.
Quando ouvi o chorinho de um bebê eu procurei pela mãe dele. Nem nos meus sonhos mais otimistas eu pude imaginar ouvir o choro de Samuel (ele teria milhões de complicações).  Olhei pro meu marido e ele, chorando, me disse: “Ele é perfeito!”
Enrolaram-no e trouxeram pra eu ver. No momento eu queria gritar pra levarem ele dali, tentarem salvá-lo... Meu marido ainda disse: “Ela não quer ver”. Era tarde demais. Samuel estava se esforçando para abrir os olhinhos e me conhecer. Eu, sem conseguir sequer chorar, falei que o amava e que cantaria para ele. Puseram o rostinho dele em minha mão amarrada e eu nunca senti nada tão fofinho.
Acho que passamos uns 15 min nos namorando. Foi o momento mais sublime e mágico da minha vida!
Levaram-no pra UTI e a pediatra sussurrou no meu ouvido: “vamos fazer uma US nele. Quem sabe não tem um rim escondido!?”
Chico foi com ele pra UTI e depois voltou pra me contar que ele havia sido batizado; que as vovós o haviam conhecido; que ele foi até apresentado pelo vidro da maternidade à multidão que nos aguardava, mas que ele estava muito fraquinho. Perguntou se eu queria que ele ficasse comigo ou com o bebê. – Com o bebê.
No corredor, esperando alguém empurrar a maca para o meu quarto, a mesma pediatra tornou no meu ouvido e disse: “Não se pergunte o porquê. Deus sabe das coisas.”
Cheguei ao quarto e todo mundo estava lá. Ninguém feliz, ninguém triste. Simplesmente lá para me apoiar. Chico entrou no quarto e todo mundo saiu. Ele falou como foi ficar cuidando de bebê. Quando ele terminou, eu perguntei o que tinha medo de ouvir: “Ele já virou um anjinho?”. Meu marido só balançou a cabeça dizendo que sim. Demos um sorriso de compreensão com os lábios serrados.
Samuel cumpriu o papel dele aqui na terra. Fez milagres em nossas almas. Existe muita saudade e um vazio inexplicável, mas entendemos que o lugar dele nunca foi aqui. Parece que Deus apenas nos emprestou o seu anjo pra “reformar” as nossas vidas. E deu tudo certo. Eu creio nos planos e nas promessas do Senhor!

“E mesmo quando eu chorar,
as minhas lágrimas serão para regar a minha fé!”

sábado, 4 de junho de 2011

O tempo de Deus...

Um excelente nadador tinha o costume de correr até a água e de molhar somente o dedão do pé antes de qualquer mergulho. Alguém intrigado com aquele comportamento, lhe perguntou qual a razão daquele hábito. O nadador sorriu respondeu:

"Há alguns anos eu era professor de natação. Eu os ensinava a nadar e a saltar do trampolim. Certa noite, eu não conseguia dormir, e fui até a piscina para nadar um pouco. Não acendi a luz, pois a lua brilhava através do teto de vidro do clube. Quando eu estava no trampolim, vi minha sombra na parede da frente.
Com os braços abertos, minha imagem formava uma magnífica cruz. Em vez de saltar, fiquei ali parado, contemplando minha imagem. Nesse momento pensei na cruz de Jesus Cristo e em seu significado. Eu não era cristão, mas quando criança aprendi que Jesus tinha morrido na cruz para nos salvar pelo seu precioso sangue. Naquele momento as palavras daquele ensinamento me vieram à mente e me fizeram recordar do que eu havia aprendido sobre a morte de Jesus.

Não sei quanto tempo fiquei ali parado com os braços estendidos. Finalmente desci do trampolim e fui até a escada para mergulhar na água. Desci a escada e meus pés tocaram o piso duro e liso do fundo da piscina. Haviam esvaziado a piscina e eu não tinha percebido.

Tremi todo, e senti um calafrio na espinha. Se eu tivesse saltado, seria meu último salto. Naquela noite a imagem da cruz na parede salvou a minha vida. Fiquei tão agradecido a Deus, que ajoelhei na beira da piscina, confessei os meus pecados e me entreguei a Ele, consciente de que foi exatamente em uma cruz que Jesus morreu para me salvar.
Naquela noite fui salvo duas vezes e, para nunca mais me esquecer, sempre que vou até piscina molho o dedão do pé antes de saltar na água...
Deus tem um plano na vida de cada um de nós e não adianta querermos apressar ou retardar as coisas pois tudo acontecerá no seu devido tempo e esse tempo é o tempo Dele e não o nosso..."

Por coincidência ou providência, achei esse texto em meu computador hoje e resolvi compartilhar... Espero que gostem! E que cada dia mais possamos aceitar e compreender os "tempos" e propósitos de Deus em nossa vida...



"Tudo em ti era uma ausência que se demorava:
uma despedida pronta a cumprir-se".
  (Cecília Meireles)