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domingo, 1 de setembro de 2013

O anjo GABRIEL...

O anjo da minha vida: Gabriel.
Olá, eu queria muito contar minha história, que é triste também como todas as que eu li nesse blog. Me chamo Fernanda e me casei em 2009, queria muito ter um filho, mas as condições na época fizeram que eu adiasse esse sonho, mas em abril de 2011 fiquei grávida e confesso que fiquei muito preocupada com a noticia, claro que fiquei feliz, mas na hora que eu soube eu chorei muito, não sabia direito porque, mas senti meu coração apertado. Logo essa sensação passou e me senti muito feliz. Parecia que eu já sabia que não ia ser fácil.O começo da gravidez não foi fácil, eu enjoava a toda hora e pra piorar sentia cólicas e as vezes eu sangrava, o médico pediu repouso porque eu corria risco de perder o neném, fiz tudo certinho e na primeira ultrassom pude ouvir o coração do meu filho bater pela primeira vez, foi maravilhoso mas não conseguimos ver o sexo. Estava tudo bem comigo e com o neném, eu estava com 3 meses e me sentindo bem. Duas semanas depois o médico pediu outro exame, marquei e levei meu pai junto na esperança de conseguirmos ver o sexo do neném, mas para a nossa surpresa a notícia não foi boa, eu estava sem liquido amniótico e o médico viu que o neném tinha um cisto em cada rim, disse que eu tinha que ter uma gravidez mais assistida e me dispensou. Fiquei muito preocupada, nem sabia que existia uma coisa dessa, no mesmo dia eu consegui passar com um médico especialista de gravidez de alto risco, ele explicou por cima algumas possibilidades, todas ruins, mas não me apavorou. Fiz um outro exame com um outro especialista e esse disse que meu filho nem tinha rim, maldito nem sabia o que estava falando me deixando nervosa, mas ele sugeriu que eu fizesse uma ressonância magnética fetal. Nesse exame veio a noticia que mudaria minha vida, meu bebê tinha rins policísticos bilateral. Os rins cheios de cistos, muitos cistos. Meu médico me mandou pro Hospital da Clinicas ma esperança de haver algum tratamento, mas lá, o médico foi bem claro: " Há grandes chances, todas as chances desse neném morrer quando nascer, isso se ele não vier a óbito na sua barriga, se nascer, não vai chorar e se chorar não vai durar mais do que 2 horas". Nossa, nessa hora eu não soube o que fazer, mas respirei fundo e chorei. Não tive a chance de fazer enxoval , chá de bebê, nada. Levei a gravidez com muita tristeza, sentindo ele mexer muito a cada dia e a cada exame sempre engordando, era um bebezão. Eu cheguei a ter em minhas mãos uma carta pra levar ao fórum para pedir para interromper a gravidez, mas devolvi essa carta pro médico, decidi ir até o fim, mesmo triste, mesmo sabendo o que ia acontecer. Por pedido do médico eu tomava 7 litros de água por dia, comia muita melancia, ele disse que ajudaria aumentar um pouco o meu liquido, e parece que funcionou, num exame meu liquido tinha aumentado um pouco e o medico disse que seria uma esperança para os pulmões do bebê se desenvolver mais e pra ajudar ele me receitou uma injeção que eu tinha que tomar 2 vezes, ela ajudaria nos pulmões dele e um possível tratamento para os rins seria mais fácil com os pulmões funcionando bem, porque os pulmões precisam desse liquido pra desenvolverem. Tomei essas injeções, eu estava com 7 meses já. Duas semanas depois senti um liquido escorrendo, a minha bolsa estourou e o pouco de liquido que tinha formado eu tinha acabado de perder. Fui para o hospital, tomei muito soro e 3 dias depois de internada fizeram meu parto, uma cesariana. Fiquei muito preocupada, chorava muito, pois dentro de mim meu filho estava vivo, protegido, mas sabia que depois do nascimento dele as horas dele estavam contadas. Meu marido ficou comigo e ele foi o primeiro que viu, um menino lindo e grande, grande pra ser prematuro, na hora ele não chorou, mas depois pude escutar o choro mais lindo do mundo, um choro baixinho, calmo, demorou alguns minutos para me trazerem ele, mas finalmente eu pude vê-lo, como era grande, lindo demais, gordinho, realmente era um anjo. Mas foi muito rápido, levaram ele para a uti. Só pude ver ele no outro dia, o parto foi de noite, quando eu o vi, pude ver que ele respirava com dificuldade, estava cheio de aparelhos, entubado, mas os médicos que ficavam de plantão sempre falavam que era grave, que ele poderia não passar daquela noite, Começaram a fazer diálise nele e a respiração dele foi melhorando, teve uma melhora incrível. Pude ver ele com os olhos abertos, pude ver um sorrisinho dele, sempre segurava sua mão e ficava admirando tamanha beleza, não porque era meu, mas era lindo mesmo perfeito, ficava horas olhando pra ele. Tive alta e ia visita-lo todos os dias. O que o médico do HC falou nada aconteceu, ele nasceu, chorou, durou mais de duas horas. Ele viveu por 8 dias. No dia 7 de Dezembro de 2011, ás 16h, ele faleceu. Foi um guerreiro o meu anjinho. Ele se chamava Gabriel, foi uma promessa do meu marido colocar esse nome lindo. Foi muito triste ver minha mãe comprar a roupinha para enterrar o neto, enquanto muitos compravam roupa para levar o bebê pra casa. Ele teve velório, muitas pessoas foram conhece-lo, todos admiravam a beleza dele. Eu, mesmo com pontos da cesária, acompanhei tudo, a hora do enterro foi mais triste ainda, ver meu marido carregar o caixão nas mãos até o túmulo.Sofri muito, choro até hoje porque não consigo entender o porque, justo comigo, com o meu primeiro filho. Os médicos disseram que nunca viram um bebê com essa doença durar tantos dias, 8 dias, os dias que eu fiquei com ele, sem pegar no colo, sem trocar roupinha, só pude beija-lo depois de morto, mas agradeço muito por ter ficado esses dias com ele.Depois que tudo passou, mau marido e eu fizemos exames genéticos e descobrimos que a doença do meu filho era rins policísticos autossômico recessivo e temos 25% de chance de ter outro neném assim. Até hoje não tive coragem de engravidar de novo, quero muito ser mãe, mas não quero correr esse risco e passar por tudo de novo. Meu filho não teve a doença que citam neste blog, mas foi uma doença terrível também que eu nem sonhava que existia. Queria conhecer uma mãe que passou pelo o mesmo caso e que engravidou de novo mais vezes e que a doença não repetiu mais. Tenho fé em Deus que ainda serei feliz e realizarei meu sonho, ele conforta a todas nós que perdemos nosso filhos com doenças horríveis, e pude contar sempre com meu marido e minha mãe em toda essa historia.
Agradeço desde já a atenção de vocês. 
Um grande abraço a todas. 
Fernanda



***A POSTAGEM FOI FEITA RESPEITANDO LITERALMENTE O TEXTO ENVIADO PELA MAMÃE FERNANDA