Tudo começou no dia 03 de
novembro de 2011. Neste dia aproveitei o horário de almoço no trabalho para
fazer o exame de sangue, o beta HCG. Minha última menstruação tinha sido em
14/09. No dia seguinte passei no laboratório para pegar o resultado: positivo.
Como eu não conseguia acreditar, repeti o exame uma semana depois em outro
laboratório. Estava confirmado! Além disso, passei na farmácia e comprei um
teste caseiro. Mais do que confirmado! E não acreditava porque eu havia parado
de tomar o YAS em julho e começado o ácido fólico logo em seguida! Pensei que
fosse demorar muito para engravidar, mas foi rápido!
Antes de dar a notícia para a família, a
médica me orientou a fazer uma ultrassonografia para confirmar se estava tudo
bem, ou seja, se o embrião estava devidamente implantado. Tal exame foi
realizado dia 22/11. Estava de 10 semanas! Tudo perfeito! Até então somente
havia contado para o meu marido. Foi a surpresa de aniversário dele!
Como tudo transcorria bem,
resolvi contar para a família. Ainda achava cedo para dizer para os amigos e
conhecidos.
Após o primeiro exame
morfológico, com 12 semanas, e cujo resultado foi normal, decidi dizer para os
amigos. Assim terminou o mês de janeiro de 2012.
No dia 01/02, eu e o meu marido
saímos ansiosos para a realização de uma ultrassonografia obstétrica comum, que
tinha um único objetivo: saber o sexo do bebê. Contudo, a primeira pergunta da
médica foi: “- você perdeu líquido? A minha resposta foi no sentido de nada de
errado ter acontecido, pois não havia sentido coisa nenhuma como: dor,
desconforto etc. Então, a médica disse que iria verificar o funcionamento dos
rins do bebê. Porém, antes de me dar a resposta ela chamou outra médica e pediu
a esta que confirmasse o diagnóstico antes de me falar. Só de observar a
conduta das médicas eu já sabia que iria receber uma péssima notícia. A
quantidade de líquido estava bastante diminuída e a causa disso era a agenesia
renal bilateral, ou seja, sem nenhum
rins. Meu mundo caiu, já que não era possível fazer nada.
No dia 29/02 fiz a morfológica.
Estava com 24 semanas. O diagnóstico foi confirmado. Os médicos explicaram que
não havia nada a fazer para salvar o bebê e, como não existiam riscos para a
minha saúde não poderiam interromper, a não ser com determinação judicial.
Eu e o meu marido decidimos
seguir com a gestação até o momento em que o bebê aguentasse.
No dia 10 de março, tivemos uma
consulta com a Dra. Dafne, geneticista, excelente profissional, que nos
orientou sobre todos os exames necessários que tinham que ser realizados no
momento do nascimento do bebê. A partir daí começamos a buscar informações de
como realizar todos os procedimentos pedidos pela médica. Descobrimos que, em
nossa cidade, Barra Mansa/RJ, seria o primeiro caso a ser investigado de forma
completa. Aqui era comum fazer apenas o cariótipo. Sendo assim, esbarramos em
várias burocracias.
Desde o diagnóstico, o
monitoramento do bebê passou a ser semanal, pois eu quase não sentia os seus movimentos
pela falta de líquido.
No dia 09 de maio foi realizado o
último exame de ultrassonografia que nada constatou de anormal, com exceção da
anomalia do bebê que já era conhecida. Ao sair da clínica decidimos passar no
Hospital para conversar com a enfermeira chefe e depois passaríamos no laboratório
que iria encaminhar os materiais. Isso porque na última consulta com a obstetra
tínhamos combinado de agendar uma cesárea para depois do dia 23/05 quando eu
completaria 36 semanas de gestação.
Antes de sair do Hospital decidi
ir ao banheiro. Para minha surpresa estava com uma mancha de sangue na
calcinha. Liguei para minha médica e ela pediu que eu fosse ao seu consultório.
Ao me examinar ela constatou que eu já estava com 1 cm de dilatação. Por isso,
ela me concedeu 1h para ir a casa, buscar minhas coisas e voltar para o
Hospital.
Lá chegando, fui recebida pela
minha obstetra e pela equipe de enfermagem de plantão. A médica me examinou
novamente e eu já estava com 2 cm de dilatação. Como havia completado de 33
semanas ela me convenceu a fazer o parto normal. Mesmo morrendo de medo resolvi
enfrentar. Para que tudo ocorresse mais rápido e com o menor sofrimento
possível foram usados medicamentos para indução e também sedativos. Porém, não
houve tempo para a aplicação de anestesia no momento do parto. Foram
aproximadamente 9h em trabalho de parto. No final as contrações eram bem
fortes. O Heitor nasceu às 03:55 do dia 10/05 com 2KG e 100g. Ele viveu por 45
min. Por fora ele era perfeitinho, uma gracinha. Todos acharam um milagre um
bebê com um desenvolvimento tão avançado para quem tinha agenesia renal
bilateral.
Hoje não me arrependo de ter
continuado a gestação, mesmo sabendo qual seria o desfecho da história. Agora
estamos aguardando o resultado dos exames para que a Dra. Dafne, geneticista,
nos oriente sobre as possibilidades de tal problema se repetir em uma próxima
gravidez.
A maior dificuldade que tive
durante a gestação, obviamente, além da dor de não ter o bebê, foi enfrentar as
outras pessoas, tendo que contar, explicar, várias vezes o que estava
acontecendo, já que elas queriam saber o sexo, data de nascimento etc...
Confesso que acabei me isolando para não ter que falar mais sobre o assunto.
Hoje, vejo que essa triste experiência foi válida e um dia saberei os reais
motivos disso. Tenho a certeza de que nada acontece por acaso e que Deus não me
daria tal “fardo” se eu não aguentasse. Amadureci muito com tudo isso.
Também quero aproveitar o momento
para agradecer todo o apoio recebido da Carol (Carolina Ornellas), mãe do anjo
Arthur, a quem pedi ajuda por e-mail naquele momento difícil e que prontamente
me estendeu as mãos. Acho que ela não faz ideia de como foi importante para que
eu conseguisse passar por esta fase ruim e ainda conseguir realizar os exames
como foram feitos, o que é muito importante para o planejamento familiar futuro.
Assim como aconteceu com a Carol ,comigo e com diversas outras mães, tenham a
certeza de que tudo vai passar e da melhor forma possível. Não se desesperem,
pois Deus não abandona ninguém, ele “nos carrega no colo”, como disse uma
grande amiga. Falo da Carol, em especial, porque foi muito importante conversar
com quem vivenciou o mesmo problema e hoje tem uma linda princesinha em seus
braços. É o exemplo de que uma segunda gravidez vai dar certo.
Da mesma forma, agradeço muito o
apoio do meu marido, de todos os familiares, amigos e da equipe médica que me
acompanhou (todos profissionais de excelente qualidade e que se empenharam ao
máximo para diminuir o meu sofrimento). Entretanto,
tenho que agradecer principalmente a ajuda recebida de Deus e dos anjos amigos,
sem a qual eu não teria conseguido superar tamanha provação.
Foi maravilhosa a oportunidade de
ter o Heitor, mesmo que por tão pouco tempo, perto de mim e sei que Deus está
fazendo o melhor por ele. Espero ter cumprido minha missão da melhor forma
possível.
*Agenesia Renal/Adramnia
Hipóteses a serem consideradas:
·
Agenesia renal isolada – etiologia multifatorial
·
Anomalia cromossômica
·
Síndrome de Smith-Lemli-Opitz
·
Outra síndrome malformativa
Exames/materiais
necessários solicitados pela médica geneticista Dra. Dafne (excelente
profissional):
1- Cariótipo;
2- Exame
anatomo-patológico do feto e da placenta (A Dra. Dafne indicou a Dra. Elyzabeth
Avvad – excelente profissional);
3- Documentação
fotográfica do feto e da placenta;
4- Dosagem
de colesterol no sangue do cordão umbilical;
5- Armazenamento
de soro congelado do cordão umbilical se houver necessidade de investigação
futura;
6- Armazenamento
de sangue do cordão umbilical se houver necessidade de investigação futura;
7- Congelamento
de fragmento de cordão umbilical se for necessário estudo metabólico futuro.
Meu e-mail é: fabiana.pompeu@gmail.com
Mando notícias sobre os
resultados dos exames.
Abraço em todas as mães,
Fabiana, mãe do anjo Heitor.