Em agosto de 2011 eu e meu marido decidimos que queríamos um bebê, então parei de tomar o anticoncepcional e engravidei dia 22.09.2011, achei que foi muito rápido, até me assustei, pois o meu médico me disse q poderia demorar até 1 ano para engravidar. Estava indo bem tranquila minha gravidez até que em 06.01.2012 fiz um ultrassom que mostrou a diminuição do líquido aminiótico e a partir daí fiquei 20 dias de repouso, tomando 4 litros de água por dia e fazendo banhos de imersão por 4 horas diárias, de nada adiantou. Em 27.01.12 após vários ultrassons também tive o diagnostico de agenesia renal bilateral e ausência da bexiga do meu bebê, fiquei desesperada, sem chão, lembro da sensação que tive que foi como se o teto do consultório estivesse caindo em cima de mim. Não sabia o que fazer, passei por mais de 10 médicos e dezenas de ultrassons porque não acreditava no diagnóstico. Alguns médicos me aconselharam a tirar o meu bebê que era um menininho, meu primeiro filho, meu Davi, mas como eu já o amava acima de qualquer coisa neste mundo nunca passou por minha cabeça tirá-lo, e eu e meu marido decidimos aproveitar a nossa gravidez ao máximo possível, pois de acordo com os médicos seria o tempo de vida do Davi.
Decidimos levar ele para viajar, fomos a praia, mostrei para ele o mar.
Visitamos cidades históricas de Minas, comemos várias comidas típicas e tudo eu contava para o Davi o que era, o gosto que tinha, onde a gente estava passeando. Conversava com ele o tempo todo. E eu e meu marido ficamos muito unidos e foi um período feliz para nós, sempre mantendo a fé em Deus acreditando que Ele poderia mudar o diagnóstico, e conversando com o Davi para ele melhorar, ficar bem que a mamãe e o papai amava muito, muito ele. Fizemos tudo a cada dia como se fosse nosso último dia com ele. Montamos o seu quartinho, compramos roupinhas, brinquedinhos, cada coisinha mais linda.
Cantava para ele todo o tempo, músicas infantis, de ninar e sei que ele as ouvia, pois sempre se mexia quando a gente estava conversando e cantando.
Minha barriga não cresceu muito, pela falta de líquido.
No dia 09.04 eu estava com 28 semanas tive inicio de contrações, fomos ao hospital que tínhamos decidido para o nascimento do Davi, voltamos para casa, ainda não estava na hora, mas as contrações continuaram, e dia 11.04 voltamos ao hospital e então tivemos que fazer a internação, estava na hora do Davi nascer, fiquei em trabalho de parto o dia todo, os médicos não aconselharam a cesariana, por ser um parto prematuro e porque depois eu iria ter que aguardar mais tempo para engravidar novamente. Mas foi um parto tranquilo, hoje nem me lembro das dores, sinto que foram poucas. As 20:48 nasceu meu Davi, lindo, e surpreendeu a todos da equipe médica, pelo seu tamanho e peso (acima do normal para o período de gestação), pois todos achavam que ele seria bem pequeno e magrinho. Lembro que cantei para ele e ficamos juntos, pedimos para os médicos não levarem ele para Uti neonatal, e me deixaram ficar com ele no colo e tiramos fotos. Deus o levou com 47 minutos de vida, lembro que não fiquei desesperada ou infeliz no momento, somente agradeci a Deus pelos momentos felizes que o Davi nos deu.
Quando descobri a agenesia renal procurei ajuda na internet e encontrei poucas páginas falando sobre a malformação, e os médicos também que me atenderam não sabiam muito sobre o assunto, alguns até se assustaram e disseram que não cuidariam do nosso caso. As mães que descobrem essa malformação tem muito pouca ajuda e apoio médico, eu mesmo tendo um bom plano de saúde, senti várias vezes o descaso de alguns médicos, que não se preocupam com os sentimentos de seus pacientes.
Não fizemos o mapeamento genético ou outros exames no Davi, somente eu e meu marido fizemos exame de cariótipo com banda G.
Nossos exame não deram qualquer alteração, temos uma ótima saúde e nenhuma alteração cromossomica. O que nos leva a entender que foi mesmo uma fatalidade o Davi ter essa malformação, fizemos tudo certinho, me preparei para engravidar tinha feito todos os exames, tomei vitaminas, não tive qualquer problema de saúde.
Hoje sinto muita falta dele, dos momentos que passamos juntos, dele mexendo em minha barriga, mas sei que ele está sempre perto de mim, e sei que ainda iremos nos encontrar.
Não se passou um dia sem eu pensar no meu amado Davi, do rostinho dele, de toda felicidade que ele despertou em mim. Com toda certeza Deus tem um propósito para tudo em nossas vidas, o do meu filho foi me fazer enxergar como a vida é bonita, como sou abençoada, tenho saúde, tenho um marido que me ama, muitos amigos de verdade, coisa que antes eu não percebia. E também me fazer enxergar que quero ter outros filhos, irmaozinhos do Davi, quero uma casa cheia de crianças, para nos dar alegria e sermos uma família unida e feliz.