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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Lorena, Francisco e... Samuel: "chamado pelo Senhor"!

 
Também sou mãe de um anjo...
Meu nome é Lorena, o meu marido se chama Francisco e
 temos 27 anos.




Quando descobri que estava grávida, em julho de 2010, com apenas cinco meses de casada, foi um mundo de felicidade e realizações. Passar óleo na barriga, ouvir músicas clássicas, separar o repertório para a festa de um ano, passar horas lendo livros de como ser boa mãe... Fiz tudo o que uma grávida sonha fazer.
A ultra da translucencia foi uma loucura: com minha mãe e meu marido nos acabamos de rir com o nosso espoleta.
Com 18 semanas eu estava na sala de espera da ultra-sonografia, falando com minha mãe. Ela estava pronta para comprar o enxoval: “Quando sair me diga se é menino ou menina”.
Não lembro de muitas coisas, mas lembro da sala escura e da médica dizendo: “Ele não tem líquido nenhum, coitadinho!”
Eu tremia tanto! Chorava tanto! “Como assim, Dra? O que isso significa? Ele vai viver? Tem como colocar água? O que tenho que fazer? Eu vou enlouquecer! Dessa vez eu enlouqueço!” Meu marido estava chorando atrás de mim. Apertamos as nossas mãos.
Poderia ser a bolsa rompida. Por isso passei quase um mês deitada, bebendo água, comendo sem sal, levantando quase nada, orando como um monge e lendo sobre partos prematuros. Se meu bebê atingisse 800g, e estivesse com todos os órgãos, poderíamos antecipar o parto.
Foram três internamentos, muita dor física (tenho miomas) e emocional e muitas, muitíssimas ultras.
Com 21 semanas eu só queria ouvir o coraçãozinho dele batendo, mas, após uns 30min de exame, foi-me dito que ele não tinha nenhum dos dois rins. Não havia mais esperança e de nada adiantaria a água e o repouso. Ou ele morreria na minha barriga, ou logo após o parto.
Com 36 semanas, no dia 21/02/10, fui à GO marcar o parto. Quando fui examinada ela disse: “Vai nascer hoje! Você está em trabalho de parto”. Eu já estava sentindo dor a gestação toda, por isso nem me preocupei com aquelas dores que me dilataram em 4cm.
Saí da clínica direto para o hospital. Eu estava em pânico! Minha família toda enlouquecida! A expectativa era em saber como ele seria. Tinha medo de ele ser muito diferente dos bebês normais. Tinha medo de ficar impressionada e uma imagem triste tomar o lugar do amor que sentiria pelo meu anjo.
Por conta dos miomas o parto seria uma cesárea.
 Poderia descrever com detalhes cada segundo: entrar no centro cirúrgico, me segurando pra não chorar, e minha mãe, chorando, se segurando pra não morrer... Foi muita angústia!
Não pude ser sedada no parto porque havia comido um pedaço de bolo de carimã no consultório da GO. A recepcionista me viu reclamando de fome e me ofereceu, gentilmente, o pedaço de bolo que me permitiu estar acordada e participar de tudo do meu parto.
Quando ouvi o chorinho de um bebê eu procurei pela mãe dele. Nem nos meus sonhos mais otimistas eu pude imaginar ouvir o choro de Samuel (ele teria milhões de complicações).  Olhei pro meu marido e ele, chorando, me disse: “Ele é perfeito!”
Enrolaram-no e trouxeram pra eu ver. No momento eu queria gritar pra levarem ele dali, tentarem salvá-lo... Meu marido ainda disse: “Ela não quer ver”. Era tarde demais. Samuel estava se esforçando para abrir os olhinhos e me conhecer. Eu, sem conseguir sequer chorar, falei que o amava e que cantaria para ele. Puseram o rostinho dele em minha mão amarrada e eu nunca senti nada tão fofinho.
Acho que passamos uns 15 min nos namorando. Foi o momento mais sublime e mágico da minha vida!
Levaram-no pra UTI e a pediatra sussurrou no meu ouvido: “vamos fazer uma US nele. Quem sabe não tem um rim escondido!?”
Chico foi com ele pra UTI e depois voltou pra me contar que ele havia sido batizado; que as vovós o haviam conhecido; que ele foi até apresentado pelo vidro da maternidade à multidão que nos aguardava, mas que ele estava muito fraquinho. Perguntou se eu queria que ele ficasse comigo ou com o bebê. – Com o bebê.
No corredor, esperando alguém empurrar a maca para o meu quarto, a mesma pediatra tornou no meu ouvido e disse: “Não se pergunte o porquê. Deus sabe das coisas.”
Cheguei ao quarto e todo mundo estava lá. Ninguém feliz, ninguém triste. Simplesmente lá para me apoiar. Chico entrou no quarto e todo mundo saiu. Ele falou como foi ficar cuidando de bebê. Quando ele terminou, eu perguntei o que tinha medo de ouvir: “Ele já virou um anjinho?”. Meu marido só balançou a cabeça dizendo que sim. Demos um sorriso de compreensão com os lábios serrados.
Samuel cumpriu o papel dele aqui na terra. Fez milagres em nossas almas. Existe muita saudade e um vazio inexplicável, mas entendemos que o lugar dele nunca foi aqui. Parece que Deus apenas nos emprestou o seu anjo pra “reformar” as nossas vidas. E deu tudo certo. Eu creio nos planos e nas promessas do Senhor!

“E mesmo quando eu chorar,
as minhas lágrimas serão para regar a minha fé!”

5 comentários:

  1. Eu e Lorena nos "achamos" por conta do prognóstico de nossos bebês... Fomos unidas pela dor e hoje continuamos nossos caminhos partilhando saudade dos anjos que Deus nos enviou e confiando com fé e esperança nos filhos que ELE ainda nos confiará!
    Tenho CERTEZA que ainda partilharemos muitas alegrias! Que Deus continue abençoando você, Francisco e toda sua família!
    Me emocionei muito com algo que você escreveu para mim quando Samuel foi devolvido para Deus: "Samuel e Arthur já são amigos"... E esse blog hoje existe porque VOCÊ me incentivou a isso! E te confesso que hoje sinto-me uma pessoa melhor por compartilhar e trocar vivências com outras famílias que sofreram e sofrem com a tão apavorante AGENESIA RENAL BILATERAL.
    Com carinho,
    Carol

    "Sei que os Teus olhos
    Sempre atentos permanecem em mim
    E os Teus ouvidos
    estão sensíveis para ouvir meu clamor
    Posso até chorar...
    Mas a alegria vem de manhã (...)"

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  2. Eu também sou mãe de um anjo....
    Nossa Lorena essa sua história, com um lindo começo e um triste final é também a minha história... E agradeço muito a Carol por esse blog abençoado que nos acalenta a dor no coração, da saudade, e do vazio que nos acompanha...E como te falei...Nossos anjos estão juntos e nos guiaram para que pudessemos nos encontrar, pela internet, por pesquisas solitárias e inseguras, pois foi assim que cheguei até vocês, e estamos nos ajudando a seguir-mos em frente, para podermos um dia sim nos encontrar-mos naquela festa...Mas enfim que hoje sei que todos os 4 litros de água que tomei por dia, para "aumentar o líquido", valeram a pena quando ouvi o choro do Victor Gabriel, quando beijei ele, e quando senti o toque dele no meu rosto...Ah aquele toque...
    Tenho certeza que ainda vamos trocar muitas informações sobre os filhos que Deus irá nos abençoar....e logo eu espero...
    Que Deus abençoe você e sua família
    Dani

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  3. Carol, acompanho sempre seu blog e, apesar de er 2 anjinhos no céu, acho que a dor de vcs é infinitamente maior...
    Mas lembrem-se sempre que depois disso tudo, que vocês são e serão capazes de gerar um lindo e saudável bebê.
    Na minha 3ª gestação eu nem me importei muito, pensei: __ Ah.. nem vou me preocupar, vou perder mesmo...
    E hoje quando vejo a carinha redonda da minha filha, peço perdão a Deus por isso. Tomei os cuidados que deveria, mas não tinha esperanças de que aquela gestação chegaria ao fim. Não sei o motivo real dos abortos, se foi algo relacionado aos rins. Mas sei bem como é essa dor e esse sentimento de perda e medo de tentar de novo.
    Confiem!!

    Super beijo pra todas!

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  4. Amigas,
    Me sinto tão bem em poder compartilhas minha história com vocês!
    Carol uma vez me atentou para o fato de estarmos quase todas na mesma situação: recám casadas, primeiro filho, jóvens... isso nos aproximou ainda mais.
    Que bom que nos encontramos e que, cada uma com uma dor avassaladora, pode servir de ombro amigo para a outra.
    Sinto uma verdade muito grande nas palavras de vocês e um conforto que só vocês poderiam me dar.
    Saibam que cada palavra de carinho é para mim um abraço bem apertado.
    Este blog ajuda e judará muitas mamães.
    Bjo bjo!
    Obrigada!

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  5. Parabéns pela coragem e pela fé...só essas duas palavras descrevem o seu poder em escrever um depoimento tão lindo. Estamos vivendo isso na minha família e quero poder estar ao lado do meu amado casal que está gerando um anjo para ajudá-los nessa hora. Vivi

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Palavras de apoio, gotas de carinho. . .