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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Oração consoladora...


”A morte não é nada.

Apenas passei ao outro lado do mundo.
Eu sou eu. Você é você.
O que fomos um para o outro, ainda o somos.
Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa como sempre se pronunciou, sem nehuma ênfase, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou: continua sendo o que era.
O cordão de união não se quebrou.
Por que eu estaria fora dos teus pensamentos, apenas porque estou fora da tua vista?
Não estou longe, somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo está bem.
Redescobrirás o meu coração, e nele redescobrirás a ternura mais pura.
Seca tuas lágrimas, e se me amas, não chores mais.”


(Santo Agostinho)


domingo, 11 de novembro de 2012

Pedro...

Meu nome e Cintia sou de BH tenho 34 anos sou casada com o Emerson, tenho duas filhas a Bruna de 18 e a Mariana de16 anos.Não pensava em ter mais filhos,estava vivendo um problema muito grande com meu marido no ano passado ele estava com depressão e bebendo muito se degradando mais a cada dia,pensei até que nosso casamento havia chegado ao fim,no meio dessa turbulência toda em novembro de 2011 descobri que estava gravida,entrei em pânico,em desespero mesmo,como trazer ao mundo um filho no momento tão complicado quanto aquele?No começo não me aceitava gravida de jeito nenhum,me achava velha,tinha vergonha de sair na rua,tinha vergonha de falar com as pessoas que estava gravida.Mas aos poucos as coisas foram se acalmando,meu marido estava super feliz,há muito tempo ele queria ter outro filho,dizia que as meninas estavam crescendo e a casa ficando sem graça,ele se tornou outra pessoa e aqueles problemas do passado acabaram.Tudo ia bem,ele começou a reformar um quarto vago que tinhamos,fazia tudo com muito capricho e satisfação,eu voltei a bordar(hobby antigo que estava esquecido)e dei inicio ao enxoval.Começei o pré natal,fiz todos os exames,02 us e tudo corria normalmente,aguardava o dia do morfologico com um certo receio,um medo,já que diziam que esse exame era bem completo e esse dia chegou:16 de abril de 2012,segunda feira,entrei na sala de exame muito nervosa e um medo sem explicação.Começou o exame e de cara a médica disse que algo  havia errado comigo,me lembro dela falar em alto risco,na hora pensei que teria que fazer repouso ou coisas desse tipo,o nervosismo aumentou muito,começei a chorar antes mesmo de saber o que realmente acontecia foi quando ela disse exatamente assim;sua gravidez vai evoluir para o óbito,eu era oligodramnio,os rins do meu bebê não funcionavam,eram policisticos,incompativel com a vida humana.Passei a fazer acompanhamento com especialista em medicina fetal que nada podia fazer pra me ajudar,minha saúde fisica era ótima,não corria nenhum risco e a única coisa a fazer era esperar.Os medicos diziam que minha gravidez podia chegar ao fim a qualquer momento,a cada novo us minha esperança de um milagre se renovava sendo destruida todas as vezes que o prognostico se confirmava,começei a pesquisar tudo sobre o problema(foi quando descobri seu bog)mas,infelizmente tudo que eu lia só me desanimava.A cada consulta e us minha agonia aumentava,era só desepero,me isolei em casa,evitava ao maximo sair nas ruas,simples perguntas como se o meu bebê já tinha nome me matava,já que nâo sabiamos sequer o sexo,pesquisando descobri que havia grandes chances de ser menino.Ter a certeza da morte do meu bebê,me atormentava todo o tempo,não pude fazer enxoval pro meu bebê,a unica vez que entrei em uma loja de enxovais foi pra comprar a roupinha que iria enterrá-lo!Foram 04 meses desde o us ,04 meses de noites sem dormir,de pesadelos,muitas lagrimas com a contagem regressiva e o dia chegou.No ultimo dia 29 de julho fui pro hospital perdendo sangue e me internei,não tinha contrações e apenas 02 cm de dilatação, pedia a medica plantonista pra me subimeter a uma cesariana.pois eu tinha muito medo do que ia acontecer,mas ela sabiamente negou e me colocou na indução,foi muito sofrimento,o trabalho de parto durou cerca de 10 horas,só havia eu no pre parto,nem parecia maternidade,fiquei todo o domingo esperando,meu marido não saia de perto de mim.As 19 horas fui levada pro bloco,a medica temia em deixar meu marido assistir, temia pelas condições fisicas do bebê(eu ja sabia desses riscos,sabia que ele podia nascer deformado,sabia que o bebê podia não resistir e morrer antes mesmo de nascer).Foram longos 25 minutos até eu ouvir seu chorinho,e eu exausta,perguntava quase sem fôlego o que era, se menino ou menina,foi quando meu marido disse emocionado que era menino,nosso PEDRO,mal pude vê-lo e ele foi pro CTI neo natal,mais tarde fui até lá conhecê-lo melhor,era dificil pegá-lo no colo,ele estava todo entubado e muito cansadinho,não abria os olhinhos,nós chorávamos sem parar,eu pedia a ele que ficasse comigo,que ele seria nosso principe.mas não tinha jeito,a pediatra dizia que ele estava muito cansado e aos poucos seus órgãos iam falir no decorrer da noite,era inevitável.No outro dia pela manhã fomos ao cti vê-lo mas não pudemos entrar,disseram que estava sendo feito um procedimento e quando possível nos chamariam,voltei pro quarto,dormi um pouco.As 10 horas me sentei na sala de espera do quarto e de repente me deu uma crise de choro muito forte,meu marido veio me chamar,era pra irmos ao cti,quando eu vi duas medicas vindo ao meu encontro juntamente com uma se identificando como psicóloga entrei em desespero,meu filho tinha me deixado as 10:30.Hoje eu agradeço pela medica ter insistido no parto normal,pois assim pude ficar um pouco com meu Pedro vivo e pude acompanhar toda a sua despedida até o fim.Ainda no hospital logo após seu falecimento a psicóloga me perguntou se eu queria vê-lo e pegá-lo no colo,entrar no cti e ver ele ali coberto doeu demais,pegar ele morto ainda quentinho no colo foi a dor mais horrorosa que já senti na minha vida,dizer" Vá com DEUS meu filho" no momento de fecharem o caixãozinho dele foi a frase mais dificil que eu já disse.As vezes acho que tudo não passou de um pesadelo,mas quando me olho no espelho vejo que é verdade,pois o sofrimento por ter perdido meu bebê está estampado em meu rosto,me tornei uma pessoa triste e rancorosa,sei que ninguem é responsável,mas eu me sinto culpada,culpada por tê-lo rejeitado no começo e por ele ter sofrido tanto na minha barriga,ele foi gerado 9 meses na mesma posição,sentado.No atestado de óbito dele consta s´ndrome de potter,nunca tinha ouvido falar nessa doença,as minhas gestações anteriores foram tranquilas e normais.Nós só damos valor ao que temos quando perdemos,eu nunca quis ter mais filhos,achava que não tinha espaço na minha vida pra mais filhos,ainda mais se fosse menino.

Hoje sinto tanta falta do meu menino,hoje falta um pedaço de mim que nunca mais vai ser preenchido!Sinto muita saudade dele,saudade de tudo o que eu não vou viver com ele.Todos os dias olho pra sua foto e peço que ele me perdoe e cuide de mim!
Carol,muito obrigada por esse espaço,assim vemos que não somos as únicas com esse problema,uma doença que ninguem te explica direito o que é,tudo o que eu sei sobre sindrome de potter foi investigando na internet,me senti muito desamparada.Um beijo grande pra você e pra sua linda Cecilia!

***Postagem feita por Carol, respeitando o texto enviado pela mãe.

domingo, 4 de novembro de 2012

Maria Aparecida...

"Meu nome é Ivone, sou médica veterinária, 31 anos casada com Emmanuel, 23 anos, senti vontade de escrever um pouco sobre uma passagem em Nossas vidas. Em Agosto de 2011, descobri que estava grávida de 6 a 7 semanas, fora o medo da maternidade e o susto, fiquei feliz na época eu e o Emmanuel não éramos casados, marcamos a data do casamento, ambos estávamos felizes eu particularmente já estava aceitando bem a gravidez e começando a sonhar com a pequena  criança que crescia dentro de mim, duas semanas depois comecei a ter um sangramento tipo borra de café, liguei desesperada para o médico e ele me mandou tomar progesterona, que é o hormônio que a placenta produz, mas foi em vão e o quadro foi evoluindo, até que resolvi fazer um ultrassom, foi quando tive o diagnóstico de aborto retido, meu mundo desabou, uma tristeza enorme me abateu, foi quando realmente percebi o quanto eu já amava aquela criança, mas continuando... Eu e o Emmanuel casamos em outubro de 2011, foi um casamento meio conturbado, mas no fim deu tudo certo (probleminhas de família)... Estávamos felizes e empolgados com a compra de um sítio, tomei anticoncepcional por 3 (três) meses e resolvi evitar de outras maneiras, tabelinha.. Lembro-me do dia com clareza do dia em fizemos a Maria Aparecida (nome do meu anjo), foi dia 02 de fevereiro de 2012, estávamos trabalhando no sitio plantando eucalipto sabia na verdade que corríamos o risco, mas estava longe de farmácia e da pílula do dia seguinte, foi então que o milagre da vida se concretizou dentro de mim, 20 dias depois, acordei fui fazer xixi no potinho e meu marido foi correndo fazer o teste, positivoooooooooo, na hora aquele frio na barriga de novo, mais a felicidade tomou conta de nós, eu acompanhava o desenvolvimento do meu corpo e do bebe, adorava ver no site o desenvolvimento do feto semana a semana, cheguei a ganhar alguns presentinhos para o bebe, tudo ia muito bem fora uma colicazinha que sentia no pé da barriga, mais nada grave, com doze semanas fiz o ultrassom da TN, tudo dentro do padrão, que alegria tudo corria muito bem, com dezessete semanas, fiz um novo ultrassom para saber o sexo do bebe, todos estavam curiosos, era uma sexta feira, o médico disse q era uma menina, mais que não tinha certeza, saímos da sala e lógico foi ler o laudo, tudo normal, batimentos, liquido amniótico, mas uma alteração: rins aumentados bilateralmente, compatível com feto de 24 semanas... Nossa fiquei preocupada na horali alguns artigos sobre doença renal na internet, mas tentei não encanar com o problema, foi então que resolvi mudar de médico, ele me disse para não me procurar e começamos fazer ultrassons quinzenais, o rim só continuou aumentando, foi quando o médico pediu para fazermos o ultrassom morfológico com 21 semanas porque o líquido estava diminuindo e isso piorava a qualidade das imagens, sai do consultório e fui fazer o exame, foi quando tive o diagnóstico DOENÇA RENAL POLICISTICA AUTÔSSOMICA RECESSIVA,

 cheguei em casa e liguei para o médico, ele me explicou um pouco sobre a doença, disse que meu bebe dificilmente sobreviveria, nossa meu mundo desabou, queria morrer naquele momento, não queria acreditar, meu marido estava viajando tive que receber aquela bomba sozinha, chorava como se estivesse morrendo, mas como estava dizendo comecei a estudar a doença, e só me entristecia mais, só recebia noticias ruins, consegui fazer contato com duas mães que tinham perdido filhos com está doença, nossa como sofria, as pessoas ao meu redor tentavam me consolar, mais só eu sabia a dor que invadia minha vida, no começo me revoltei até contra Deus, me perguntava o porque disso estar acontecendo comigo, com meu bebe, depois vivi a fase da esperança de um milagre, rezei, orei, cantei, pedi, implorei a Deus pela vida da minha filha, na verdade confesso que nunca perdi a esperança e esperava o meu milagre acontecer, ia semanalmente ao médico e a situação só piorava o liquido diminuía, os rins aumentavam, mas a Maria continuava a se desenvolver crescia e seu coraçãozinho batia vigorosamente, como me doía pensar que meu bebe iria morrer, minha barriga estava maior a cada dia, a Maria se mexia bem pouco as vezes 4 a 5 vezes no dia, principalmente quando eu comia doces, como ela adorava.....sentia muitas dores na coluna  e na barriga quando ela se mexia, meu liquido estava muito pouco, quase nada, acredito que era por isso que causava a dor, estava com aproximadamente 28/29 semanas, a Maria já se mexia muito pouco, chorava quase todos os dias, via meu corpo se modificando para a chegada da Maria, mas ao mesmo tempo a tristeza de saber que ela não ficaria comigo era muito grande, cada vez que olhava aquela tela do ultrassom me acabava de tristeza, eu infelizmente entendia um pouco devido a minha profissão, o médico nem falava mais nada, eu olhava a tela e via tudo sabia que ela não sobreviveria, seu pulmão não estava se desenvolvendo, eu sabia que ela precisava do meu corpo pra viver e que quando ela precisasse respirar ela não iria conseguir, com 31 semanas comecei a ter pressão alta 15/11, o médico ficou bem preocupado, engordei 7 quilos em 20 dias, estava muito inchada, comecei a controlar o sal e tomar remédio, a pressão ficou em 14/9 dai em diante, o médico disse que teria que adiantar o parto, mais que eu correria risco devido a problemas com hemorragia no útero, na verdade não confiava neste médico, fiz exames de sangue e tudo está normal, mas via o medo que ele sentia, foi então que mudei novamente de médico, ele me encaminhou para um nefrologista e realizei um novo ultrassom feito por outro médico, o quadro da Maria tinha piorado, ela apresentava edema cervical agora, provavelmente ela já estava em sofrimento fetal, devido a falta de liquido, o nefro me disse que ela não sobreviveria, mais tinha que pensar em mim agora, na minha saúde e que por causa da minha pressão, já estava de 7( sete) meses e que conversaria com meu médico para marcar meu parto, foi então que marcamos o dia do parto, seria impossível parto normal, devido o tamanho do abdômen, dificilmente passaria no canal do parto, então me conformei com a cirurgia, nossa saber que iria passar por tudo isso e ficar sem minha filha me corroía a alma, mas enfim a me internei dia 26 se agosto, foi feito o protocolo de amadurecimento de pulmão, e no dia 27 o parto, a Maria nasceu as 7:30, ela não chorou deu um leve resmungadinho, a médica pediatra correu com ela para entubar, meu marido a acompanhou, foi coletado sangue dela para o exame de cariótipo, foi feito rx e ultrassom dela, ela tinha o abdômen bem dilatado devido ao aumento do rim pelos cistos, ela também apresentou Síndrome de Potter, ela viveu por seis horas, foi batizada pelo seu avô, que é ministro da eucaristia, nossa recebi a noticia da morte dela, felizmente estava muito dopada com calmantes senão acho que não suportaria não ter tido nem um momento com minha filha em vida, não a vi morta, preferi ficar com a lembrança dela se mexendo na minha barriga, meu marido providenciou tudo para o enterro dela ajudado pela minha mãe, meu marido disse que foi um momento bem difícil, carregar seu caixãozinho e ver seu rostinho pela ultima vez, mas Deus nos dá forças nesta hora.... 
Depois do enterro voltou para o hospital para ficar comigo, por um lado acho q já tinha velado minha filha dentro da minha barriga, mesmo tendo esperança, quando ela faleceu me conformei que meu milagre não havia acontecido, só restava a saudade da minha menina e o sentimento de ter sido mãe de um bebê tão especial que Deus criou para ele, mas que nos deu alegria enquanto viveu, como amamos, choramos, sofremos, foram tantos sentimentos, mais posso dizer que ela foi um bebe muito amada por todos a nossa volta. 

Espero que Deus me abençoe com outros filhos, pois confio nele, e sei que o milagre da vida vai acontecer novamente, espero que meu depoimento possa ajudar outras mães que passarão ou estão passando por este problema, acreditem em Deus, ele sabe o que faz e a gente não sabe o que diz..."


***Relato da Ivone, enviado por e-mail em 04/11/2012. A postagem foi feita respeitando o texto enviado pela mãe.