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domingo, 4 de novembro de 2012

Maria Aparecida...

"Meu nome é Ivone, sou médica veterinária, 31 anos casada com Emmanuel, 23 anos, senti vontade de escrever um pouco sobre uma passagem em Nossas vidas. Em Agosto de 2011, descobri que estava grávida de 6 a 7 semanas, fora o medo da maternidade e o susto, fiquei feliz na época eu e o Emmanuel não éramos casados, marcamos a data do casamento, ambos estávamos felizes eu particularmente já estava aceitando bem a gravidez e começando a sonhar com a pequena  criança que crescia dentro de mim, duas semanas depois comecei a ter um sangramento tipo borra de café, liguei desesperada para o médico e ele me mandou tomar progesterona, que é o hormônio que a placenta produz, mas foi em vão e o quadro foi evoluindo, até que resolvi fazer um ultrassom, foi quando tive o diagnóstico de aborto retido, meu mundo desabou, uma tristeza enorme me abateu, foi quando realmente percebi o quanto eu já amava aquela criança, mas continuando... Eu e o Emmanuel casamos em outubro de 2011, foi um casamento meio conturbado, mas no fim deu tudo certo (probleminhas de família)... Estávamos felizes e empolgados com a compra de um sítio, tomei anticoncepcional por 3 (três) meses e resolvi evitar de outras maneiras, tabelinha.. Lembro-me do dia com clareza do dia em fizemos a Maria Aparecida (nome do meu anjo), foi dia 02 de fevereiro de 2012, estávamos trabalhando no sitio plantando eucalipto sabia na verdade que corríamos o risco, mas estava longe de farmácia e da pílula do dia seguinte, foi então que o milagre da vida se concretizou dentro de mim, 20 dias depois, acordei fui fazer xixi no potinho e meu marido foi correndo fazer o teste, positivoooooooooo, na hora aquele frio na barriga de novo, mais a felicidade tomou conta de nós, eu acompanhava o desenvolvimento do meu corpo e do bebe, adorava ver no site o desenvolvimento do feto semana a semana, cheguei a ganhar alguns presentinhos para o bebe, tudo ia muito bem fora uma colicazinha que sentia no pé da barriga, mais nada grave, com doze semanas fiz o ultrassom da TN, tudo dentro do padrão, que alegria tudo corria muito bem, com dezessete semanas, fiz um novo ultrassom para saber o sexo do bebe, todos estavam curiosos, era uma sexta feira, o médico disse q era uma menina, mais que não tinha certeza, saímos da sala e lógico foi ler o laudo, tudo normal, batimentos, liquido amniótico, mas uma alteração: rins aumentados bilateralmente, compatível com feto de 24 semanas... Nossa fiquei preocupada na horali alguns artigos sobre doença renal na internet, mas tentei não encanar com o problema, foi então que resolvi mudar de médico, ele me disse para não me procurar e começamos fazer ultrassons quinzenais, o rim só continuou aumentando, foi quando o médico pediu para fazermos o ultrassom morfológico com 21 semanas porque o líquido estava diminuindo e isso piorava a qualidade das imagens, sai do consultório e fui fazer o exame, foi quando tive o diagnóstico DOENÇA RENAL POLICISTICA AUTÔSSOMICA RECESSIVA,

 cheguei em casa e liguei para o médico, ele me explicou um pouco sobre a doença, disse que meu bebe dificilmente sobreviveria, nossa meu mundo desabou, queria morrer naquele momento, não queria acreditar, meu marido estava viajando tive que receber aquela bomba sozinha, chorava como se estivesse morrendo, mas como estava dizendo comecei a estudar a doença, e só me entristecia mais, só recebia noticias ruins, consegui fazer contato com duas mães que tinham perdido filhos com está doença, nossa como sofria, as pessoas ao meu redor tentavam me consolar, mais só eu sabia a dor que invadia minha vida, no começo me revoltei até contra Deus, me perguntava o porque disso estar acontecendo comigo, com meu bebe, depois vivi a fase da esperança de um milagre, rezei, orei, cantei, pedi, implorei a Deus pela vida da minha filha, na verdade confesso que nunca perdi a esperança e esperava o meu milagre acontecer, ia semanalmente ao médico e a situação só piorava o liquido diminuía, os rins aumentavam, mas a Maria continuava a se desenvolver crescia e seu coraçãozinho batia vigorosamente, como me doía pensar que meu bebe iria morrer, minha barriga estava maior a cada dia, a Maria se mexia bem pouco as vezes 4 a 5 vezes no dia, principalmente quando eu comia doces, como ela adorava.....sentia muitas dores na coluna  e na barriga quando ela se mexia, meu liquido estava muito pouco, quase nada, acredito que era por isso que causava a dor, estava com aproximadamente 28/29 semanas, a Maria já se mexia muito pouco, chorava quase todos os dias, via meu corpo se modificando para a chegada da Maria, mas ao mesmo tempo a tristeza de saber que ela não ficaria comigo era muito grande, cada vez que olhava aquela tela do ultrassom me acabava de tristeza, eu infelizmente entendia um pouco devido a minha profissão, o médico nem falava mais nada, eu olhava a tela e via tudo sabia que ela não sobreviveria, seu pulmão não estava se desenvolvendo, eu sabia que ela precisava do meu corpo pra viver e que quando ela precisasse respirar ela não iria conseguir, com 31 semanas comecei a ter pressão alta 15/11, o médico ficou bem preocupado, engordei 7 quilos em 20 dias, estava muito inchada, comecei a controlar o sal e tomar remédio, a pressão ficou em 14/9 dai em diante, o médico disse que teria que adiantar o parto, mais que eu correria risco devido a problemas com hemorragia no útero, na verdade não confiava neste médico, fiz exames de sangue e tudo está normal, mas via o medo que ele sentia, foi então que mudei novamente de médico, ele me encaminhou para um nefrologista e realizei um novo ultrassom feito por outro médico, o quadro da Maria tinha piorado, ela apresentava edema cervical agora, provavelmente ela já estava em sofrimento fetal, devido a falta de liquido, o nefro me disse que ela não sobreviveria, mais tinha que pensar em mim agora, na minha saúde e que por causa da minha pressão, já estava de 7( sete) meses e que conversaria com meu médico para marcar meu parto, foi então que marcamos o dia do parto, seria impossível parto normal, devido o tamanho do abdômen, dificilmente passaria no canal do parto, então me conformei com a cirurgia, nossa saber que iria passar por tudo isso e ficar sem minha filha me corroía a alma, mas enfim a me internei dia 26 se agosto, foi feito o protocolo de amadurecimento de pulmão, e no dia 27 o parto, a Maria nasceu as 7:30, ela não chorou deu um leve resmungadinho, a médica pediatra correu com ela para entubar, meu marido a acompanhou, foi coletado sangue dela para o exame de cariótipo, foi feito rx e ultrassom dela, ela tinha o abdômen bem dilatado devido ao aumento do rim pelos cistos, ela também apresentou Síndrome de Potter, ela viveu por seis horas, foi batizada pelo seu avô, que é ministro da eucaristia, nossa recebi a noticia da morte dela, felizmente estava muito dopada com calmantes senão acho que não suportaria não ter tido nem um momento com minha filha em vida, não a vi morta, preferi ficar com a lembrança dela se mexendo na minha barriga, meu marido providenciou tudo para o enterro dela ajudado pela minha mãe, meu marido disse que foi um momento bem difícil, carregar seu caixãozinho e ver seu rostinho pela ultima vez, mas Deus nos dá forças nesta hora.... 
Depois do enterro voltou para o hospital para ficar comigo, por um lado acho q já tinha velado minha filha dentro da minha barriga, mesmo tendo esperança, quando ela faleceu me conformei que meu milagre não havia acontecido, só restava a saudade da minha menina e o sentimento de ter sido mãe de um bebê tão especial que Deus criou para ele, mas que nos deu alegria enquanto viveu, como amamos, choramos, sofremos, foram tantos sentimentos, mais posso dizer que ela foi um bebe muito amada por todos a nossa volta. 

Espero que Deus me abençoe com outros filhos, pois confio nele, e sei que o milagre da vida vai acontecer novamente, espero que meu depoimento possa ajudar outras mães que passarão ou estão passando por este problema, acreditem em Deus, ele sabe o que faz e a gente não sabe o que diz..."


***Relato da Ivone, enviado por e-mail em 04/11/2012. A postagem foi feita respeitando o texto enviado pela mãe.

2 comentários:

  1. Oi Ivone,meu nome é Cintia e assim como você,tambem tive diagnosticado em meu bebe rins policisticos, sindrome de potter,só tem 3 meses que meu anjo PEDRO nasceu,ele suportou 39 semanas na minha barriga e viveu 14:30hs.Ainda não entendi porque isso aconteceu,dói muito.Se você quiser conversar comigo,me escreva.Um beijo pra você!!!!!!!!!!!!!!cintiaadamaceno@hotmail.com

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    1. OI Ivone,tenho até vergonha de dizer,mas é que eu nâo tenho msn,na verdade não tenho muita intimidade com a internet,desculpe,se você quiser me mande um email,pois esse eu domino um pouco.Obrigada,um beijo!!!!!! CINTIA

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