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quinta-feira, 7 de junho de 2012

A história de Heitor


Tudo começou no dia 03 de novembro de 2011. Neste dia aproveitei o horário de almoço no trabalho para fazer o exame de sangue, o beta HCG. Minha última menstruação tinha sido em 14/09. No dia seguinte passei no laboratório para pegar o resultado: positivo. Como eu não conseguia acreditar, repeti o exame uma semana depois em outro laboratório. Estava confirmado! Além disso, passei na farmácia e comprei um teste caseiro. Mais do que confirmado! E não acreditava porque eu havia parado de tomar o YAS em julho e começado o ácido fólico logo em seguida! Pensei que fosse demorar muito para engravidar, mas foi rápido!
 Antes de dar a notícia para a família, a médica me orientou a fazer uma ultrassonografia para confirmar se estava tudo bem, ou seja, se o embrião estava devidamente implantado. Tal exame foi realizado dia 22/11. Estava de 10 semanas! Tudo perfeito! Até então somente havia contado para o meu marido. Foi a surpresa de aniversário dele!
Como tudo transcorria bem, resolvi contar para a família. Ainda achava cedo para dizer para os amigos e conhecidos.
Após o primeiro exame morfológico, com 12 semanas, e cujo resultado foi normal, decidi dizer para os amigos. Assim terminou o mês de janeiro de 2012.
No dia 01/02, eu e o meu marido saímos ansiosos para a realização de uma ultrassonografia obstétrica comum, que tinha um único objetivo: saber o sexo do bebê. Contudo, a primeira pergunta da médica foi: “- você perdeu líquido? A minha resposta foi no sentido de nada de errado ter acontecido, pois não havia sentido coisa nenhuma como: dor, desconforto etc. Então, a médica disse que iria verificar o funcionamento dos rins do bebê. Porém, antes de me dar a resposta ela chamou outra médica e pediu a esta que confirmasse o diagnóstico antes de me falar. Só de observar a conduta das médicas eu já sabia que iria receber uma péssima notícia. A quantidade de líquido estava bastante diminuída e a causa disso era a agenesia renal bilateral, ou seja, sem nenhum  rins. Meu mundo caiu, já que não era possível fazer nada.
No dia 29/02 fiz a morfológica. Estava com 24 semanas. O diagnóstico foi confirmado. Os médicos explicaram que não havia nada a fazer para salvar o bebê e, como não existiam riscos para a minha saúde não poderiam interromper, a não ser com determinação judicial.
Eu e o meu marido decidimos seguir com a gestação até o momento em que o bebê aguentasse.
No dia 10 de março, tivemos uma consulta com a Dra. Dafne, geneticista, excelente profissional, que nos orientou sobre todos os exames necessários que tinham que ser realizados no momento do nascimento do bebê. A partir daí começamos a buscar informações de como realizar todos os procedimentos pedidos pela médica. Descobrimos que, em nossa cidade, Barra Mansa/RJ, seria o primeiro caso a ser investigado de forma completa. Aqui era comum fazer apenas o cariótipo. Sendo assim, esbarramos em várias burocracias.
Desde o diagnóstico, o monitoramento do bebê passou a ser semanal, pois eu quase não sentia os seus movimentos pela falta de líquido.
No dia 09 de maio foi realizado o último exame de ultrassonografia que nada constatou de anormal, com exceção da anomalia do bebê que já era conhecida. Ao sair da clínica decidimos passar no Hospital para conversar com a enfermeira chefe e depois passaríamos no laboratório que iria encaminhar os materiais. Isso porque na última consulta com a obstetra tínhamos combinado de agendar uma cesárea para depois do dia 23/05 quando eu completaria 36 semanas de gestação.
Antes de sair do Hospital decidi ir ao banheiro. Para minha surpresa estava com uma mancha de sangue na calcinha. Liguei para minha médica e ela pediu que eu fosse ao seu consultório. Ao me examinar ela constatou que eu já estava com 1 cm de dilatação. Por isso, ela me concedeu 1h para ir a casa, buscar minhas coisas e voltar para o Hospital.
Lá chegando, fui recebida pela minha obstetra e pela equipe de enfermagem de plantão. A médica me examinou novamente e eu já estava com 2 cm de dilatação. Como havia completado de 33 semanas ela me convenceu a fazer o parto normal. Mesmo morrendo de medo resolvi enfrentar. Para que tudo ocorresse mais rápido e com o menor sofrimento possível foram usados medicamentos para indução e também sedativos. Porém, não houve tempo para a aplicação de anestesia no momento do parto. Foram aproximadamente 9h em trabalho de parto. No final as contrações eram bem fortes. O Heitor nasceu às 03:55 do dia 10/05 com 2KG e 100g. Ele viveu por 45 min. Por fora ele era perfeitinho, uma gracinha. Todos acharam um milagre um bebê com um desenvolvimento tão avançado para quem tinha agenesia renal bilateral.

Hoje não me arrependo de ter continuado a gestação, mesmo sabendo qual seria o desfecho da história. Agora estamos aguardando o resultado dos exames para que a Dra. Dafne, geneticista, nos oriente sobre as possibilidades de tal problema se repetir em uma próxima gravidez.
A maior dificuldade que tive durante a gestação, obviamente, além da dor de não ter o bebê, foi enfrentar as outras pessoas, tendo que contar, explicar, várias vezes o que estava acontecendo, já que elas queriam saber o sexo, data de nascimento etc... Confesso que acabei me isolando para não ter que falar mais sobre o assunto. Hoje, vejo que essa triste experiência foi válida e um dia saberei os reais motivos disso. Tenho a certeza de que nada acontece por acaso e que Deus não me daria tal “fardo” se eu não aguentasse. Amadureci muito com tudo isso.
Também quero aproveitar o momento para agradecer todo o apoio recebido da Carol (Carolina Ornellas), mãe do anjo Arthur, a quem pedi ajuda por e-mail naquele momento difícil e que prontamente me estendeu as mãos. Acho que ela não faz ideia de como foi importante para que eu conseguisse passar por esta fase ruim e ainda conseguir realizar os exames como foram feitos, o que é muito importante para o planejamento familiar futuro. Assim como aconteceu com a Carol ,comigo e com diversas outras mães, tenham a certeza de que tudo vai passar e da melhor forma possível. Não se desesperem, pois Deus não abandona ninguém, ele “nos carrega no colo”, como disse uma grande amiga. Falo da Carol, em especial, porque foi muito importante conversar com quem vivenciou o mesmo problema e hoje tem uma linda princesinha em seus braços. É o exemplo de que uma segunda gravidez vai dar certo.
Da mesma forma, agradeço muito o apoio do meu marido, de todos os familiares, amigos e da equipe médica que me acompanhou (todos profissionais de excelente qualidade e que se empenharam ao máximo para diminuir o meu sofrimento).  Entretanto, tenho que agradecer principalmente a ajuda recebida de Deus e dos anjos amigos, sem a qual eu não teria conseguido superar tamanha provação.
Foi maravilhosa a oportunidade de ter o Heitor, mesmo que por tão pouco tempo, perto de mim e sei que Deus está fazendo o melhor por ele. Espero ter cumprido minha missão da melhor forma possível.
 Estou à disposição para ajudar as mães que estejam passando por isso, seja para indicação de médicos, modelos de exames etc... No meu caso foram solicitados os seguintes procedimentos após o nascimento do bebê: (os resultados ficarão prontos na segunda quinzena de julho/2012):
*Agenesia Renal/Adramnia
Hipóteses a serem consideradas:
·         Agenesia renal isolada – etiologia multifatorial
·         Anomalia cromossômica
·         Síndrome de Smith-Lemli-Opitz
·         Outra síndrome malformativa

Exames/materiais necessários solicitados pela médica geneticista Dra. Dafne (excelente profissional):

1-      Cariótipo;
2-      Exame anatomo-patológico do feto e da placenta (A Dra. Dafne indicou a Dra. Elyzabeth Avvad – excelente profissional);
3-      Documentação fotográfica do feto e da placenta;
4-      Dosagem de colesterol no sangue do cordão umbilical;
5-      Armazenamento de soro congelado do cordão umbilical se houver necessidade de investigação futura;
6-      Armazenamento de sangue do cordão umbilical se houver necessidade de investigação futura;
7-      Congelamento de fragmento de cordão umbilical se for necessário estudo metabólico futuro.

Meu e-mail é: fabiana.pompeu@gmail.com
Mando notícias sobre os resultados dos exames.
Abraço em todas as mães,

Fabiana, mãe do anjo Heitor.

5 comentários:

  1. Oi Fabiana, estou com 23 semanas, quando estava com 21 semanas descobrir que devido ao meu liquido amniótico esta muito baixo, 1 mês de repouso e bebendo litros de água, não obtive aumento nenhum. fiz a morfológica com doppler e foi constatado que meu bebê tinha hidrocefalia, e não foi visualizado nenhum dos rins nem a bexiga. o medico me informou que ele viria a óbito na gestação ou quando nascesse, que não tinha chance nenhuma de vida. estou desesperada, minha barriga continua crescendo e o bebê mexe muito. por favor me envie um email, não sei o que pensar, e minha primeira gestação.
    drikka96@hotmail.com

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    1. Oi querida! te mandei a resposta por e-mail. Bjss
      Fabiana

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  2. Fabiana!!
    Sou mãe da Pietra! fiquei muito feliz lendo a história da sua gestação. Com certeza Heitor está feliz ao lado dos anjinhos sem rins, orgulhoso por ter papais como vcs!!!
    Este blog nos ajuda muito não acha? Qdo soube do diagnóstico fiquei sem chão, mas achando esse blog fiquei muito confortada, pois vi que não era única e não estava sozinha!!!
    Se quiser conversar estou a disposição.
    Meu e-mail é filippo.thais@gmail.com
    Beijos

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  3. Estou com 18 semanas e há a suspeita de Agenesia Renal Bilateral. Estou muito triste e sofrendo demais. Preciso de mais orientações, pois estou sofrendo demais.
    E-mail:
    carina_1501@yahoo.com.br

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    1. Sandra, boa noite, hoje nasceu natimorto a minha Cecília com 26 semanas, fiquei sabendo do possível problema nos rins às 13 semanas, Deus te conforte e te dê forças, abraços.

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Palavras de apoio, gotas de carinho. . .